Eu já contei por aí algumas vezes: há 3 anos tive síndrome do pânico e foi naquela época que conheci a meditação mindfulness. Quando descobri que a ciência tinha provado que meditar tinha o mesmo efeito no corpo que o uso de antidepressivos, decidi que esse seria o meu "tratamento". Devorei todos os livros que achei sobre o assunto e comecei a praticar.
A aplicação moderna de mindfulness, que vem sendo estudada por universidades de todo o mundo, nasceu em um programa criado em 1979, na universidade de Massachusetts, por um biólogo americano, chamado Jon Kabat-Zinn, que, sabiamente, traduziu essa prática milenar pra uma linguagem familiar e compreensível pra nós, ocidentais.
Nesses últimos anos, mudei totalmente de estilo de vida, dei de cara com a vulnerabilidade e com os meus maiores medos, inseguranças, incertezas. Descobri que o sofrimento existe porque queremos eternizar os momentos felizes e evitar experiências desagradáveis a todo custo. Aprendi a aceitar, confiar, a contemplar a impermanência. Conheci de perto os professores e cientistas mais admirados da área. Faltava 1: ele, o pioneiro, o tal Jon Kabat-Zinn.
Bom, não falta mais. Esses cabelos grisalhos da foto são dele, que, aos 72 anos, não apenas veio dar uma aula pra professores, mas sentou assim, no meio de nós, do meu lado, pra olhar nos olhos de cada participante. Pra nos lembrar que o nosso maior professor é a prática. Diária, constante, consistente. Formal e informal, na almofada e na vida. Nos relacionamentos, na compaixão, na curiosidade, na intimidade que cultivamos com o corpo e a mente.
A foto? Tirada por alguém que nem conheço. Mais um lembrete de que a vida é imprevisível, impermanente e absolutamente fantástica.
Só me ocorre agradecer pelo registro, pela oportunidade e por mais esse dia imperfeito, maravilhoso e cheio de pequenos milagres.