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#mindfulnesstododia D48

Foto do escritor: Thais RequitoThais Requito

O que vc vê nessa foto: eu e a minha mãe, no sofá, em casa, bem à vontade. O que vc não vê nessa foto: que nós estávamos passando por um dos momentos mais delicados da nossa vida, que a minha mãe estava se desdobrando pra dar conta de tudo e que, poucos dias antes, tinha me dado comida na boca e dormido comigo porque eu não conseguia ficar sozinha. Quando a vida me convidou pra embarcar nessa jornada, foi preciso ter coragem, resiliência e humildade. Tudo o que eu sabia sobre mim tinha ficado, temporariamente, suspenso. Até aquele momento, eu me via (e queria que os outros me vissem) como uma pessoa forte, independente, madura, prática, bem-resolvida, realizada, com opiniões fortes e um estilo de vida “saudável”. Eu morava sozinha, praticava Yoga (as vezes), era vegetariana há 10 anos, não bebia, não fumava, era voluntária engajada de uma ONG, me considerava espiritualizada, “meditava” todos os dias, frequentava retiros e fazia viagens pra destinos pouco convencionais. Dava trabalho manter essa imagem, pra mim e pro mundo. Era pesado e exigia esforço constante. Mas, como recompensa, tudo aquilo me dava a sensação de que eu estava no controle, de que estava segura e no comando da vida. Se eu fizesse tudo “certo”, nada me pegaria desprevenida. Eu não seria mais vulnerável e estaria livre do sofrimento pra sempre. Equívoco. Tudo o que eu fazia só reforçava um padrão de comportamento obsessivo e ditatorial. Eu queria ser perfeita e esperava o mesmo de todos ao meu redor. Isso custou caro. Mas, não era tarde pra recomeçar. Fui abençoada com essa nova chance. Uma revisão completa de valores e do que realmente importa na vida. Deixei muitas bandeiras que defendia pelo caminho. Tomei remédio quando precisei, comi frango por recomendação médica, aprendi a pedir ajuda, tinha horário pra entrar e sair do trabalho, escolhia criteriosamente os projetos que abraçaria e as pessoas que queria ter por perto. Fiz artesanato, pintei, escrevi, meditei, andei de patins, brinquei com crianças e cachorros, tomei sol, cozinhei, passei horas no parque. Me reinventei. Me reencontrei. Com amor e gentileza, fui descobrindo uma nova forma de viver a (mesma) vida.

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